
Foto: Embratur/Portal da Copa
A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e
Biocombustíveis) concedeu na manhã desta terça-feira (17) 19 novas áreas para
exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas, no Amapá, que se tornou
foco de protestos de ambientalistas e gera embate dentro do próprio governo.
As áreas foram arrematadas pela Petrobras, as americanas
Exxon e Chevron e a chinesa CNPC, com o pagamento de bônus de assinatura
acumulado de R$ 844 milhões. O resultado do leilão amplia a área concedida para
exploração na bacia de 5,7 mil para 21,9 mil quilômetros quadrados.
Ao todo, o leilão arrecadou R$ 989 milhões com a concessão de
34 das 172 áreas oferecidas pela ANP. Além da Foz do Amazonas, houve lances por
blocos nas bacias de Santos, Pelotas e Parecis -as duas últimas também
consideradas novas fronteiras exploratórias.
"Foi um resultado extremamente positivo, demonstrando
grande confiança por parte dos investidores no potencial petrolífero do
Brasil", disse após o leilão da diretora-geral interina da ANP, Patrícia
Baran.
A bacia da Foz do Amazonas respondeu por 40% dos blocos
ofertados e 85% da arrecadação. Foi a primeira vez que áreas na região foram
arrematadas em leilões do governo desde 2003. Nos últimos anos, dificuldades
para a obtenção de licença ambiental afugentaram investidores.
O leilão desta terça, porém, poderia ser a última
oportunidade para as petroleiras, já que as manifestações interministeriais que
garantem aval ambiental para o leilão vencem nesta quarta-feira (18). A ANP
ofereceu 47 áreas.
A Foz do Amazonas é a principal aposta de governo e
petroleiras para repor as reservas brasileiras de petróleo após o esgotamento
do pré-sal, esperado para a próxima década. Passou a atrair atenção após
descobertas gigantes de petróleo na Guiana e no Suriname.
No leilão desta terça, as áreas foram disputados por dois
consórcios, um formado por Petrobras e Exxon e outro por Chevron e CNPC. As
duas primeiras ficaram com dez dos blocos arrematados, mas perderam a disputa
para as concorrentes em nove deles.
Exxon e Chevron já atuam na Guiana e no Suriname, que tiveram
importantes descobertas de petróleo nos últimos anos, atraindo o interesse do
setor para a margem equatorial brasileira.
Com o leilão desta terça, a bacia da Foz do Amazonas passará
a ter 28 blocos com contratos ativos de concessão. Nove deles foram licitados
no início dos anos 2000, entre eles o bloco 59, alvo de embate entre a
Petrobras e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis).
Na porta do hotel onde o leilão foi organizado e em Bonn, na
Alemanha, organizações ambientalistas e representantes de comunidades indígenas
realizavam protestos. O Ministério Público Federal do Pará tentou suspender a
oferta na Justiça mas não teve sucesso.
"Ao assumir dez blocos em consórcio com a ExxonMobil
Brasil, a Petrobras se coloca como protagonista de um projeto político
arriscado que está cavando um buraco na credibilidade ambiental do
Brasil", afirmou após o resultado a porta-voz de Oceanos do Greenpeace
Brasil, Mariana Andrade.
A diretora-geral interina da ANP defendeu a abertura de novas
fronteiras petrolíferas no país apesar de alertas contra a queima de
combustíveis fósseis.
"As fontes mais tradicionais da energia serão por muito
tempo fundamentais para atender a crescente demanda para a energia a esse ciclo
fundamental para o crescimento econômico e o atendimento às necessidades de
nossa população", afirmou.
Também consideradas bacias de novas fronteiras, Parecis e
Pelotas tiveram blocos arrematados no leilão. Na primeira, que fica no Mato
Grosso, a estreante Dillianz levou uma área. Na segunda, consórcio formado por
Petrobras e Galp pagou R$ 11,5 milhões por três áreas.
Na bacia de Santos, foram 11 blocos concedidos por R$ 133
milhões em bônus de assinatura. Os vencedores foram as empresas Karoon (com
seis blocos), Shell (com três) e Equinor. A agência tentou licitar blocos na
bacia Potiguar, mas não teve interessados.