
Urna eletrônica — Foto: Giuliano Gomes/PR Press
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado
aprovou nesta quarta-feira (21) o texto-base da proposta de emenda à
Constituição (PEC) que acaba com o direito à reeleição para os cargos
de presidente da República e governadores, a partir de 2030, e de prefeitos, a
partir de 2028.
Os prazos valem para quem se candidatar para o cargo
pela primeira vez nesses anos. Os senadores ainda analisam emendas ao
texto e, após a conclusão da votação, a PEC deve seguir para a análise no
plenário da Casa.
O tema, no entanto, é alvo de divergências na Casa. O
relator, senador Marcelo Castro (MDB-PI), fez diversos ajustes na proposta ao
longo de cinco versões apresentadas de seu parecer. A proposta original foi
apresentada pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO).
A proposta aprovada aumenta para cinco anos o período
de mandato de cargos do Executivo e de vereadores e deputados estaduais,
distritais e federais. Após acordo, o mandato de senadores também será reduzido
para cinco anos.
Pelo texto, o mandato dos senadores eleitos em 2026 será de
oito anos, o dos eleitos em 2030, de nove anos, e o dos eleitos em 2034, de dez
anos. Já prefeitos e vereadores eleitos em 2028 teriam mandato de seis anos.
A proposta também unifica as eleições no país. O
pleito passaria a ocorrer a cada cinco anos e valeria para todos os
cargos do Executivo e do Legislativo. A intenção é economizar recursos
públicos.
Pelo texto, a unificação completa das eleições ocorreria a
partir de 2034. Atualmente, as eleições gerais e as eleições municipais
são realizadas de forma separada com um período de dois anos entre cada uma.
A votação na comissão foi adiada diversas vezes. A proposta
foi alvo de dois pedidos de vista (mais tempo para análise). Se for aprovada
pelo plenário do Senado, em dois turnos, o texto seguirá para a análise da
Câmara.
Eleição no Senado
Em acordo de última hora, o relator aceitou reduzir o
mandato de senadores para cincA o anos. O mandato atual é de oito anos e a
versão proposta anteriormente por Castro era para aumentar o mandato para dez
anos.
A redução foi proposta em emenda dos senadores Carlos
Portinho (PL-RJ) e Eduardo Girão (Novo-CE). Com o acordo, os dois senadores
retiraram a sugestão apresentada e Castro acordou fazer a alteração.
Com a mudança, Castro afirmou que as eleições para
senadores passarão a ser das três cadeiras de senadores nas eleições.
Atualmente, a renovação é alternada em um terço e dois terços a cada quatro
anos.
A redação final da PEC, que será levado ao plenário, com
todas as mudanças acordadas de última hora ainda será divulgada.
Período de transição
Em 2028, para prefeitos, e 2030, para governadores e o
presidente da República, não haverá possibilidade de reeleição para quem se
candidatar pela primeira vez para as funções.
Para o governador ou presidente que for eleito para o
primeiro mandato em 2026, ainda haverá possibilidade de disputa em 2030 para
uma segunda gestão.
Esse não seria, por exemplo, o caso do atual presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se for reeleito em 2026 já estará no
segundo mandato seguido e não poderá disputar em 2030.
A mesma regra valerá para os prefeitos eleitos em 2024 pela
primeira vez, que ainda poderão disputar um segundo mandato em 2028 e, se
eleitos, ficarão no cargo por dez anos.
Impacto no Legislativo
Com aumento dos mandatos de deputados federais para cinco
anos, a PEC afeta o período de gestão dos presidentes do Senado e da Câmara. No
início da legislatura, o mandato deverá ser de três anos e depois pelo período
de dois anos.
A PEC mantém a proibição de reeleição no comando das Casas
legislativas de forma seguida dentro da mesma legislatura (período do mandato,
que passará a ser de cinco anos).
Atualmente, o presidente do Senado ou da Câmara já não pode
se reeleger dentro do período de quatro anos de mandato, mas pode ser eleito
novamente após a mudança de legislatura.
Esse foi o caso, por exemplo, dos ex-presidentes da Câmara
Arthur Lira (PP-AL) e do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que foram eleitos na
metade da legislatura em 2021 e depois no início da seguinte em 2023. No total,
ficaram nos cargos por quatro anos.
Com as novas regras, os novos presidente poderão repetir a
mesma estratégia e ficar cinco anos na função.
Por CNN Brasil