
Foto: José Cruz / Agência Brasil / Reprodução / STF
O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta quarta-feira
(14) que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes,
indicado por ele à corte em 2016, não é radical, como dizem aliados de Jair
Bolsonaro (PL).
Temer avalia que Moraes passou a adotar uma postura ante os
envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 que visa a pacificar o
país. O magistrado é o principal alvo de bolsonaristas, que o acusam de
perseguição política e buscam a anistia dos invasores da praça dos Três
Poderes.
O ex-presidente repetiu sua posição de que o Congresso
Nacional tem competência para perdoar os acusados pelos ataques, mas ressaltou
considerar mais útil o Supremo resolver o assunto com uma nova dosagem das
penas.
"Daqueles [do] 8 de janeiro, ele já liberou muita gente.
Então, ele fez uma coisa adequada no momento que deveria fazer, não é? Para
garantir as eleições e está fazendo agora com vistas à pacificação do
país", disse Temer.
"Aquelas penas de 14, 15, 17 anos devem ser reduzidas.
Isso está começando a acontecer. E há instrumentos jurídicos para isso."
O ex-presidente nega a ideia de que Moraes tenha passado a
relaxar as penas para evitar críticas e pela pressão da anistia e diz ser uma
conduta natural. Para o emedebista, é importante levar em conta em alguns
momentos o clima político do país para tomar decisões, mesmo se forem duras.
Temer disse que que o magistrado não é radical e agiu com
coragem para garantir as eleições em 2022. Moraes foi seu ministro da Justiça
até a indicação para a vaga aberta em 2016 com a morte de Teori Zavascki.
"Tanto não é radical, e eu vou dar exemplos concretos,
que, ao longo do tempo, você percebe que ele começou a liberar pessoas. Você
viu que o Fernando Collor foi para a domiciliar, Roberto Jefferson
também", afirmou.
"O Brasil deve muito a ele, porque não há dúvida de que
ele teve uma coragem jurídica e até pessoal lá no TSE para garantir as
eleições."
Temer tem pregado uma união de governadores pré-candidatos de
centro-direita para 2026 e se tornou alvo de bolsonaristas nas últimas semanas,
pela avaliação de que sua proposta excluiria Bolsonaro. Os ataques, argumenta,
são parte de um clima de conflagração política e polarização, que precisa ser
harmonizado.
"A harmonia, quando há esta coisa violenta, ela é uma
coisa inconstitucional. Enfim, eu acho que hoje o país começa a caminhar para a
tese de uma certa harmonia, de uma certa pacificação."
O ex-presidente explicou que a articulação não exclui
Bolsonaro, citando "prestígio eleitoral" do capitão reformado do
Exército. Afirmou que qualquer candidato à Presidência do centro ou da direita
que se oponha ao ex-presidente teria dificuldades.
Por Bahia Notícias