
Foto: Raffa Neddermeyer / Agência Brasil
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou, na terça-feira
(18), novas regras para o uso de tecnologias de inteligência artificial (IA)
pelo Poder Judiciário. A norma prevê inclusive que minutas de decisões
judiciais possam ser escritas por meio de ferramentas de IA generativa. O
conselheiro Luiz Fernando Bandeira de Mello, que supervisionou a norma,
concluiu que "É importante destacar que ninguém vai ser julgado por
robô", garante.
Acontece que após a geração do texto, as minutas devem
receber “interpretação, verificação e revisão por parte do magistrado”, segundo
a resolução recém-aprovada. Ainda que a redação possa ser gerada
artificialmente, o juiz à frente do processo “permanecerá integralmente
responsável pelas decisões tomadas e pelas informações nelas contidas”.
Segundo a Agência Brasil, a nova norma é resultado de um
grupo de trabalho criado no ano passado pelo CNJ para discutir o uso da IA nos
tribunais brasileiros e atualizar uma primeira resolução sobre o tema,
publicada em 2020.
Entre as prioridades está “mitigar e prevenir vieses
discriminatórios”, sendo vedado o emprego de IA, por exemplo, “que classifiquem
ou ranqueiem pessoas naturais, com base no seu comportamento ou situação
social” ou “que valorem traços da personalidade, características ou
comportamentos de pessoas naturais ou de grupos de pessoas naturais, para fins
de avaliar ou prever o cometimento de crimes”.
O regulamento define a IA generativa como qualquer sistema
“especificamente destinado a gerar ou modificar significativamente, com
diferentes níveis de autonomia, texto, imagens, áudio, vídeo ou código de
software”. São as ferramentas do tipo chatbot, capazes de simular conversas e
gerar textos similares aos escritos por humanos, tendo como base o
processamento massivo de grandes quantidades de dados.
A norma do CNJ prevê, contudo, que chatbots próprios possam
ser desenvolvidos, treinados e implementados pelos próprios tribunais,
utilizando as bases de dados e levando em consideração as especificidades de
cada instituição. Atualmente, o Judiciário tem ao menos 140 projetos para a
adoção de IA pelos tribunais, segundo painel mantido pelo CNJ. Desses, pouco
mais de uma dezena se dedica a ferramentas para o auxílio na redação de peças
processuais.
As principais aplicações, dos 63 sistemas que já se encontram
em utilização em 62 tribunais, são a busca e agrupamento de casos similares e a
classificação de documentos.
Por Bahia Notícias