Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, vê o
convencimento da classe empresarial e do Congresso Nacional como o principal
desafio para o fim da escala 6x1.
Segundo ele, a redução da jornada de trabalho exige diálogo
"construtivo" focado em sustentabilidade a longo prazo, sem medidas
"abruptas de lá ou de cá".
"O que eu, na condição de ministro de Estado, peço às
lideranças empresariais é que encarem esse debate com naturalidade e como uma
necessidade da economia brasileira", afirmou Marinho a jornalistas neste
sábado (10durante a Feira da Reforma Agrária do MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra), em São Paulo.
"Um bom ambiente de trabalho ajuda na saúde mental dos
trabalhadores, evita acidentes, aumenta a produtividade e a qualidade do
produto. Os empresários precisam enxergar seus trabalhadores como consumidores
em potencial, e a redução da jornada passa por um debate de aumento da massa
salarial, de aumento do trabalho formal, reforço à industrialização."
O ministro ainda reforçou que vê a jornada 6x1 como
"muito cruel", em especial para com as mulheres.
Marinho defende a redução da escala de trabalho e, para ele,
o pontapé inicial para a política engrenar passa por uma diminuição da jornada
de 44 horas semanais para 40 horas. Ele pondera, no entanto, que a decisão
final sobre o modelo será do Congresso Nacional.
"O desafio é também convencer o Congresso. Se tem a ver
com emenda constitucional, se tem a ver com Legislativo...", disse neste
sábado.
Segundo a Folha apurou no início do mês, parte dos
parlamentares e todos os ministros, mesmo os de centro-direita, já estariam
defendendo, nos bastidores, a redução da jornada. A ideia que tem mais simpatia
é, de fato, a de diminuição em quatro horas da escala semanal.
Questionado sobre a relação do governo com o Congresso,
Marinho afirmou que, "historicamente, com Lula 1, Lula 2 e Dilma, sempre
acontecem esses vaivém, são da natureza do processo democrático". A
mudança exige uma PEC (proposta de emenda à Constituição), instrumento
legislativo mais complexo de ser aprovado, com necessidade de votos de três
quintos dos deputados e senadores em duas votações em cada casa.
REFORMA MINISTERIAL
Aos presentes na Feira do MST, Marinho ainda disse que a
reforma ministerial está em fase final.
"Essa reforma acontece no tempo de uma única pessoa: o
presidente Lula. Seguramente estamos em um processo de conclusão, e as últimas
peças ele deve mexer em breve. Acredito eu que o governo conclua tudo para
entrar no segundo semestre, como diz o presidente, fazendo as colheitas
possíveis, plantando outras coisas que sejam necessárias e, acima de tudo,
regando para que o produto seja bom."
Nesta semana, Lula deu mais um passo na reforma, mirando
fortalecer a articulação de seu governo com o campo da esquerda. Ele
formalizou, na segunda, a substituição da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves
(PT), pela também petista Márcia Lopes.
Com a saída de Cida, já são 12 trocas na Esplanada dos
Ministérios neste terceiro mandato de Lula. O presidente já realizou uma
minirreforma para acomodar mais partidos do centrão no Executivo, além de ter
exonerado outros titulares por denúncias em casos de corrupção ou por pressão
em torno do desempenho nas pastas.
Destas 12 alterações, 9 delas foram por substituições,
enquanto 3 foram realocações.
O presidente também estuda nomear o deputado federal
Guilherme Boulos (PSOL-SPpara a Secretaria-Geral da Presidência, no lugar do
ministro Márcio Macêdo.
Além disso, Lula terá que tomar uma decisão sobre o ministro
do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT-PI). O presidente não decidiu se
ele será mantido no cargo, segundo dizem seus aliados. Com uma eventual troca,
Lula poderia dar um novo envelopamento aos programas sociais do governo.
Por Bahia Notícias