Carros Crédito:
Reproduçao
Um total de
25 carros são roubados diariamente na Bahia, segundo dados do Sistema Nacional
de Informações de Segurança Pública (Sinesp), pasta vinculada ao Ministério da
Justiça e Segurança Pública. O número é equivalente à capacidade média de
veículos automotivos que ficam expostos em uma concessionária. Desse modo, é
possível afirmar que o estado perde, por dia, uma concessionária em roubo de
carros.
De janeiro a
março deste ano, já foram registradas 2.264 ocorrências. Apesar de apresentar
queda de 20% em relação ao mesmo período do ano passado, o número ainda acende
o alerta pela alta incidência. Segundo Antônio Jorge Melo, coronel reformado da
PM e especialista em segurança pública, esse tipo de crime acontece como um
‘meio’.
“O roubo e o
furto de veículos tem duas modalidades: crime-meio e crime-fim. No caso do
crime-fim, o veículo é roubado ou furtado para ser desmanchado ou
negociado/trocado por drogas e armas na Bahia ou em outros estados”, explica. O
crime-meio, por sua vez, corresponderia a prática de outros crimes através do
carro roubado ou furtado.
Um homem de
43 anos, que preferiu não se identificar, vivenciou um pesadelo na manhã da
última quarta-feira (30), quando foi surpreendido por um criminoso, no bairro
do Imbuí. “Eu estava fazendo uma entrega na Rua Patativas e estava com o carro
aberto para tirar a mercadoria e entregar ao cliente quando fui abordado. Um
cara chegou atrás de mim, me xingou, mandou eu colocar toda a mercadoria para
dentro do carro, entregar a chave e nem olhar para trás”, relata.
O episódio
traumático ocorreu por volta das 11h50. A vítima agiu conforme ordenado pelo
criminoso e se viu atordoado ao notar o que havia acontecido. Ele conta que
tinha notado um carro rondando o local onde ele fazia entrega, mas não pensou
que pudessem ser criminosos – o assaltante estava em dupla, que fazia cobertura
para o comparsa de outro carro.
“Ele [o
assaltante] saltou do carona e veio me abordar. Foi um susto. Fiquei sem saber
o que fazer, porque uma coisa é ser roubado por alguém desarmado. Outra coisa é
o criminoso estar com uma arma em punho. Um ser humano que faz uma coisa dessa
com um trabalhador é marginal, mesmo. Imagina se essa arma dispara sem querer?
Seria um prejuízo, e eu tenho família para cuidar”, diz.
Após se
recuperar, a vítima acionou a polícia, passou as informações do carro e foi até
a delegacia prestar queixa. Por volta das 13h, o carro foi encontrado da San
Martin. A principal suspeita dos policiais é de que os criminosos queriam
roubar apenas a mercadoria.
Insegurança
Para além
dos alarmantes números diários de roubos, a Bahia registra, por dia, 17 furtos
de veículos. Só neste ano, 1.562 carros foram furtados no estado entre os meses
de janeiro e março. O número representa uma queda de 7,13% em relação a mesma
época do ano passado.
Para Josimar
Antunes, presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros da Bahia
(Sincor-BA), os dados não refletem a realidade. “A grande maioria das pessoas
que são vítimas de assalto nem quer ir à delegacia prestar queixa. Então, os 25
casos por dia são apenas os casos comunicados. Há uma subnotificação, ou seja,
é esses números são reais nas estatísticas da polícia. Devemos ter 30 ou mais
por dia”, afirma.
Segundo ele,
as regiões mais perigosas para proprietários de veículos, em Salvador, são os
bairros de Brotas, Stella Maris e Pituba. Cada uma dessas localidades apresenta
um alto índice de ocorrências de roubos e furtos. No caso da Pituba, que tem
maior agito noturno, há ainda mais perigo, uma vez que locais movimentados à
noite são vistos como locais fáceis para ação de criminosos.
O furto de
carros acontece sem emprego de força e, em alguns casos, quando o motorista nem
está por perto. Para se proteger de episódios do tipo, o especialista Antônio
Jorge Melo aconselha a adoção de uma série de medidas. “É recomendado tomar
cuidado com o local que estaciona, evitar ruas desertas e escuras, e, antes de
parar para estacionar, observar o entorno para ver se está sendo seguido.
Normalmente, os criminosos agem em dupla ou em trio. Outra recomendação é
colocar dispositivos de segurança no carro”, elenca.
No que diz
respeito à ação da segurança pública, o especialista aponta a necessidade de
intensificação das blitzes e aumento da ação contra os desmanches. “Uma
fiscalização mais rigorosa em ferros-velhos, em locais que trabalham com venda
e compra de veículos usados [pode ajudar a reduzir esses números]”, finaliza.
Por Correio24horas