
Foto: Roque de Sá / Agência
Senado
Em discurso na convenção
nacional do PSB, neste domingo (1º) em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva afirmou que os partidos de esquerda precisam apostar em candidaturas
fortes para o Senado em 2026, para evitar uma vitória esmagadora da direita.
Lula afirmou que a esquerda precisa priorizar o Congresso e não os governos
estaduais.
“É importante que a gente leve
em conta, aonde é impreterível, aonde é necessário mesmo a gente ter candidato
a governador, ponto. Agora para o Brasil nós temos que pensar aonde é
necessário eleger senador e aonde a gente pode. E muitas vezes a gente tem que
pegar os melhores quadros nossos, eleger senador da República, eleger deputado
federal, porque nós precisamos ganhar a maioria do Senado”, afirmou Lula.
O presidente, em seu discurso,
explicitou uma preocupação que já vinha sendo tratada internamente pelo PT e
outros partidos de esquerda: a formação de chapas fortes dos partidos de
direita para o Senado, com intenção de deter a maioria da Casa e poder colocar
em votação pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal
Federal.
“Precisamos ganhar maioria no
Senado, senão esses caras vão avacalhar a Suprema Corte. Não é porque a Suprema
Corte é uma maçã doce, não. É porque precisamos preservar as instituições que
garantem e defendem a democracia desse país. Se a gente for destruir aquilo que
a gente não gosta, não vai sobrar nada”, afirmou o presidente.
A preocupação de Lula com um
Senado dominado pela direita - para fazer “muvuca com o STF” - é a mesma que
vem motivando debates internos entre os dirigentes do PT. O senador Humberto
Costa (PE), presidente do PT, em entrevista recente, admitiu que a esquerda vê
com angústia a possibilidade de os partidos de direita conquistarem maioria no
Senado nas próximas eleições.
O senador disse que a intenção
dos partidos de direita, como o PL, é a de colocar em votação alguns dos
diversos pedidos de impeachment de ministros do STF que atualmente se encontram
parados na mesa do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). E a
votação do impeachment dos ministros não seria o único problema na visão de
Humberto Costa, mas também rejeição de nomes para a diretoria do Banco Central,
de agências reguladoras, do corpo diplomático, entre outras ações.
“Pode-se instalar um
verdadeiro pandemônio no Senado, então nós estamos em uma estratégia de
priorizar a eleição para o Senado”, afirmou o presidente do PT.
Do lado da direita, o
presidente do PL, Valdemar Costa Neto, por diversas vezes já deixou claro que
essa será a estratégia principal do partido para 2026, conquistar a maior
bancada do Senado. Costa Neto já disse que o partido está disposto a abrir mão
de lançar candidatos a governador em diversos estados para fortalecer as suas
chapas ao Senado.
O próprio ex-presidente Jair
Bolsonaro por diversas vezes já expressou esse desejo, de conquistar pelo menos
uma vaga de senador em cada um dos 27 estados brasileiros. Bolsonaro afirmou
que a estratégia do seu grupo é aumentar a representatividade da direita no
Senado, para facilitar ações como a abertura de processos de impeachment contra
ministros do STF.
Dentro dessa estratégia, o
ex-presidente conta com sua família para aumentar a quantidade de senadores do
PL e da direita. Pelos planos de Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle
concorreria ao Senado pelo Distrito Federal, Flávio Bolsonaro tentaria a reeleição
pelo Rio de Janeiro e Eduardo Bolsonaro se candidatura por São Paulo.
Na semana passada, ainda
surgiu a ideia do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) concorrer ao Senado por
Santa Catarina. Se o plano do ex-presidente der certo, a sua família teria
quatro cadeiras no Senado Federal a partir de 2027.
Em outubro de 2026, o Senado
passará por uma renovação de dois terços de suas cadeiras, com a eleição de
dois senadores por estado. Na última eleição com mudança de dois terços das
cadeiras, em 2018, o Senado assistiu à maior renovação da sua história.
Naquela eleição, de cada
quatro senadores que tentaram a reeleição, três não conseguiram. Desde a
redemocratização do país não aconteceu um pleito que levasse tantas caras novas
para o tapete azul do Senado. No total, das 54 vagas em disputa em 2018, 46 foram
ocupadas por novos nomes, uma renovação de mais de 85%.
Para as eleições de 2026, é
esperada uma repetição de uma renovação alta, mas desta vez com outro
ingrediente: é possível que os partidos de direita e de centro-direita
conquistem a hegemonia das cadeiras em disputa, preocupação revelada neste fim
de semana pelo presidente Lula e pelo presidente do PT.
O Senado, atualmente, possui
maioria dos partidos de centro, como PSD, MDB, PP, União e Podemos. Esses cinco
partidos pertencem à base aliada do governo Lula, embora possuam senadores em
seus quadros que são claramente oposicionistas, ou que votam de forma
independente. No total, esse grupo domina 47 cadeiras.
Os partidos de esquerda juntos
detém apenas 16 cadeiras no Senado, ou cerca de 20% do total. Já a oposição
declarada (PL, PSDB e Novo) possui 17 senadores, ou 21% da composição do
Senado. Todo o restante é formado por partidos de centro-direita e centro.
O quadro partidário do Senado
Federal no momento é o seguinte:
PL - 14
PSD - 14
MDB - 11
PT - 9
PP - 7
União Brasil - 7
Podemos - 4
Republicanos - 4
PSB - 4
PDT - 3
PSDB - 3
Novo - 1
Levantamento realizado pelo
Bahia Notícias revela como pode ficar o Senado Federal após as eleições de
2026. O levantamento levou em consideração as pesquisas mais recentes
realizadas nos estados, com os nomes que se colocam no momento para a disputa.
Esses nomes ainda podem mudar até outubro de 2026, portanto a simulação é
apenas com base no cenário existente no momento.
Confira abaixo quais são os
dois melhores colocados nas pesquisas estaduais para o Senado, considerando o
levantamento mais recente. Apenas Roraima e Santa Catarina ainda não tiveram
pesquisas eleitorais (o asterisco indica o senador que disputa a reeleição).
Região Sudeste
Espírito Santo
Renato Casagrande (PSB) – 49,2%
Lorenzo Pazolini (Republicanos) – 20,6%
(Paraná Pesquisas)
Minas Gerais
Romeu Zema (Novo) – 52,7%
Rodrigo Pacheco (PSD) – 24,3% *
(Paraná Pesquisas)
Rio de Janeiro
Flávio Bolsonaro (PL) – 38,8% *
Benedita da Silva (PT) – 26%
Cláudio Castro (PL) – 23,4%
(Paraná Pesquisas)
São Paulo
Eduardo Bolsonaro (PL) – 36,5%
Fernando Haddad (PT) – 32,3%
(Paraná Pesquisas)
Região Norte
Acre
Gladson Camelli (PP) – 39%
Jorge Viana (PT) – 22%
(Instituto MultiDados)
Amapá
Rayssa Furlan (MDB) – 20%
Lucas Barreto (PSD) - 17,25% *
(Instituto GSPC)
Amazonas
Eduardo Braga (MDB) – 43,4% *
Wilson Lima (União Brasil) – 38,1%
(Real Time1)
Pará
Helder Barbalho (MDB) – 23,8%
Mario Couto (PL) – 16,5%
(Instituto Doxa)
Rondônia
Marcos Rogério (PL) – 43,8% *
Marcos Rocha (União Brasil) – 35,4%
(Paraná Pesquisas)
Roraima
Não saiu pesquisa ainda
Senadores que terão mandato finalizado em 2027
Chico Rodrigues (PSB)
Mecias de Jesus (Republicanos)
Tocantins
Eduardo Gomes (PL) - 27,1% *
Professora Dorinha (União Brasil) - 26,4% *
(Paraná Pesquisas)
Região Nordeste
Alagoas
Renan Calheiros (MDB) – 32% *
Davi Davino Filho (PP) – 26,5%
Instituto Falpe
Bahia
Rui Costa (PT) – 43,8%
Jaques Wagner (PT) – 34% *
(Paraná Pesquisas)
Ceará
Cid Gomes (PSB) – 52,2% *
Eunício Oliveira (MDB) – 28,2%
(Paraná Pesquisas)
Maranhão
Carlos Brandão (PSB) – 43,2%
Weverton Rocha (PDT) – 41,1% *
(Paraná Pesquisas)
Paraíba
João Azevedo (PSB) – 31,7%
Cássio Cunha Lima (PSDB) – 13,6%
Pernambuco
Humberto Costa (PT) – 31% *
Gilson Machado (PL) – 22%
(Real Time Big Data)
Piauí
Ciro Nogueira (PP) – 55,5% *
Marcelo Castro (MDB) – 45% *
(Paraná Pesquisas)
Rio Grande do Norte
Styvenson Valentim (PSDB) – 48% *
Alvaro Dias (Republicanos) – 36,2%
Sergipe
Edvaldo Nogueira (PDT) – 14,7%
Eduardo Amorim (PSDB) – 13,9%
(Instituto IDPS Pesquisas)
Região Centro-Oeste
Distrito Federal
Michelle Bolsonaro (PL) - 42,9%
Ibaneis Rocha (MDB) - 36,9%
(Paraná Pesquisas)
Goiás
Gracinha Caiado (União Brasil) - 25,72%
Gustavo Gayer (PL) - 19,04%
(Goiás Pesquisas)
Mato Grosso
Mauro Mendes (União Brasil) - 60,8%
Janaína Riva (MDB) - 21,9%
(Paraná Pesquisas)
Mato Grosso do Sul
Reinaldo Azambuja (PSDB) - 38,3%
Simone Tebet (MDB) - 29,2%
(Paraná Pesquisas)
Região Sul
Paraná
Ratinho Jr. (PSD) – 62,3%
Roberto Requião (sem partido) – 26,8%
(Paraná Pesquisas)
Rio Grande do Sul
Eduardo Leite (PSD) – 43,1%
Manuela D´Ávila (sem partido) – 23,2%
(Paraná Pesquisas)
Santa Catarina
Não saiu pesquisa ainda
Senadores que terão mandato finalizado em 2027
Espiridião Amin (PP)
Ivete da Silveira (MDB)
Se esses resultados das atuais
pesquisas se confirmassem nas urnas de outubro de 2026, teríamos os seguintes
partidos conquistando as 54 cadeiras em disputa:
MDB - 9
PL - 8
PT - 6
União Brasil - 5
PSB - 4
PSD - 4
PSDB - 4
PP - 3
PDT - 2
Republicanos - 2
Sem partido - 2
Novo - 1
Somando os hipotéticos
resultados das eleições a partir das pesquisas com os 27 senadores que
continuam em suas cadeiras até 2031, podemos fazer a seguinte projeção das
bancadas partidárias do futuro Senado de 2027:
PL - 16
MDB - 10
União Brasil - 10
PT - 9
PSD - 7
PP - 6
Republicanos - 5
PSB - 4
PSDB - 4
PDT - 3
Sem partido - 2
Estados indefinidos - 4
Como se pode perceber, os
partidos que podem vir a ser os mais prejudicados na próxima eleição são o PSD
(tem 14 senadores atualmente, teria que eleger 11 e na previsão conseguiria
apenas quatro vitórias) e o Podemos (tem quatro senadores que precisam se
reeleger e não conseguiria nenhuma vitória).
O PL, na atual projeção,
sairia dos 14 senadores que possui este momento para 16, se isolando como maior
bancada. Entre os demais partidos, há estabilidade entre as bancadas atuais e o
tamanho provável em 2027. O União Brasil pode ser um dos mais beneficiados, já
que possui sete senadores atualmente e pode subir para dez.
Caso seja ratificada pela
Justiça Eleitoral a federação entre União Brasil e PP, esses dois partidos
ficariam com 16 senadores, o mesmo tamanho do PL.
Em relação à renovação do
Senado, as pesquisas atuais revelam um quadro de porcentagem menor de mudanças
do que o recorde de 2018. Se as pesquisas se confirmarem, seriam 15 os
reeleitos em 2026, uma renovação de 70% (menor do que os 85% de 2018).
Por Bahia Notícias