
Foto: José Cruz / Agência Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta
segunda-feira (5) que o governo irá antecipar os efeitos da reforma tributária
no setor de data centers. Haddad está nos Estados Unidos cumprindo agenda
voltada, justamente, ao pré-lançamento do plano de investimentos do governo
brasileiro no setor.
"A antecipação vai garantir que todo o investimento no
Brasil no setor seja desonerado e toda a exportação de serviços a partir dos
data centers seja desonerada", afirmou em Los Angeles durante a
Conferência Global do Milken Institute, um think thank da Califórnia.
Ele relembrou que o marco regulatório do setor ainda está
tramitando no Legislativo e que ainda existem muitos desafios, mas defendeu que
os relatores que tratam do assunto estão em sintonia sobre o tema.
"Queremos que a economia digital no Brasil seja, simultaneamente, digital
e verde", acrescentando que o objetivo do país é usar energia limpa no
processamento de dados e garantir esse serviço com segurança cibernética e
jurídica.
Haddad também defendeu que a América do Sul é um território
"muito favorável a investimentos" e que oferece "segurança
jurídica, politica e energética". No Brasil, ele também destacou a área de
infraestrutura como uma das mais interessantes para investidores estrangeiros,
afirmando que o país "aperfeiçoou muito a legislação de concessões e
parcerias público-privadas".
O ministro também afirmou que, com as políticas econômicas do
governo Lula (como a reforma tributária, mudanças no mercado de crédito e no
mercado de carbono), e o papel de protagonismo do Brasil no G20 e na COP30
mostrarão que o país é capaz de crescer a uma taxa anual de 3%.
"Ao final do mandato do presidente Lula, o mundo vai
estar convencido que o Brasil pode crescer a uma taxa mínima de 3%. Temos
condição de chegar no final do mandato em um outro patamar de discussão com
nossos parceiros", afirmou.
APROXIMAÇÃO COM OS EUA
No mesmo evento, Haddad afirmou que entende que o Brasil está
bem posicionado no cenário econômico e climático global e disse que o governo
deseja se aproximar mais dos Estados Unidos.
"Temos interesse em nos aproximar mais dos Estados
Unidos. Fizemos isso na administração Biden e faremos isso na administração
Trump. Há complementaridades importantes entre as nossas economias que podem e
devem ser exploradas",
Haddad defendeu que o país alcançou uma posição mundial
positiva através da defesa do multilateralismo, mantendo boas relações com o
Sudeste Asiático, com a União Europeia e com os EUA. "Acredito que,
independentemente dos desafios globais, o Brasil está numa posição muito
favorável porque os princípios que o Brasil defende no mundo são aderentes à
necessidade de uma reglobalização sustentável."
Durante essa mesma viagem aos EUA, no domingo (4), Haddad
afirmou ter conversado com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent,
sobre a política tarifária norte-americana. Haddad disse que conversou com
Bessent "em nome da região", uma vez que, segundo ele, "não faz
sentido" a imposição de tarifas sobre a América do Sul por conta dos
déficits comerciais que os países possuem com os EUA.
Essa foi a primeira reunião presencial entre autoridades do
alto escalão dos dois países desde que Donald Trump tomou posse, em 20 de
janeiro.
O ministro disse que os dois países estão negociando os
"termos de um entendimento" em relação à questão. "O mais
importante nesse momento é dizer que nós estamos em uma mesa negociando os
termos de um entendimento... Eu acredito que a postura do secretário foi
bastante frutífera e demonstrou uma abertura para o diálogo bastante
importante", disse.
Por Bahia Notícias