
Foto: Reprodução / Agência Brasil
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou nesta
quinta-feira (1º) que a economia brasileira vive um "mau momento" com
a alta dos juros e destacou o consignado CLT como uma das soluções para que os
trabalhadores tenham acesso a crédito barato.
Segundo ele, o empréstimo já liberou cerca de R$ 10 bilhões
aos profissionais que fizeram o pedido, chamado por ele de "um direito do
trabalhador". "A gente precisa conduzir a economia para o fim dos
juros", disse durante ato do Dia do Trabalho na zona norte de São Paulo.
Marinho pediu ainda mobilização dos trabalhadores para a
redução da jornada de trabalho, o fim da escala 6x1 e que as convenções
coletivas de trabalho tenham cláusula exigindo salário igual para homens e
mulheres na mesma função.
Fez um apelo ainda aos empresários para que aumentem os
salários dos funcionários, que considerou baixo, disse que é preciso pressionar
o Congresso para aprovar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$
5.000 e afirmou aos empresários haver necessidade de olhar para os
trabalhadores também como consumidores.
"Olhe o seu funcionário não somente como aquele que vai
produzir para você, olhe como um consumidor também, porque se ele tiver boas
condições ele vai consumir mais", afirmou.
"É evidente que isso não será num passe de mágica, é
preciso mobilização, é preciso convencimento", disse, em relação ao fim da
escala 6x1.
No mesmo evento, o ministro Márcio Macêdo, da
Secretaria-Geral da Presidência, destacou medidas do governo Lula voltadas ao
trabalhador.
"Vocês colocaram na pauta que precisa reajustar salário
mínimo acima da inflação e o presidente Lula fez, vocês colocaram na pauta que
precisava ter salário igual entre homens e mulheres e o presidente Lula fez,
vocês colocaram na pauta que é preciso gerar emprego e o presidente Lula assim
fez", destacou Macêdo, pouco depois de falar que ele, Marinho e a ministra
Cida Gonçalves (Mulheres) estavam representando o presidente.
Antes, aos jornalistas, Macêdo havia minimizado a ausência de
Lula dizendo que o governante recebeu as centrais sindicais nesta terça (29),
que lhe entregaram uma extensa pauta.
REDUÇÃO DE JORNADA
Marinho defendeu uma solução inicial para o fim da escala
6x1, que seria a redução da jornada de trabalho de 44 horas semanais para 40
horas, mas disse que a decisão final sobre o modelo será do Congresso Nacional.
Ele falou à reportagem pouco antes de subir no palco montado
pelas centrais sindicais em celebração ao 1º de Maio, Dia do Trabalho, na praça
Campo de Bagatelle, zona norte da capital paulista, e fazer a defesa dessa
redução aos trabalhadores e sindicalistas presentes, pedindo que se mobilizem
nas ruas e no Congresso.
"Eu acredito que é plenamente possível reduzir a jornada
máxima do país de 44 para 40 [horas semanais] ou o que o Congresso definir, e é
possível pensar em um processo de transição para ir eliminando a jornada 6x1
que é muito cruel, especialmente contra as trabalhadoras", disse.
A afirmação do ministro vai ao encontro da mensagem do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos trabalhadores na noite de
quarta-feira (30), de que é necessário fazer um amplo debate com os
trabalhadores e os setores produtivos da sociedade sobre o fim da escala 6x1, e
também ao que vem sendo debatido nos bastidores pelas centrais sindicais com
parlamentares.
Segundo a reportagem apurou, parte dos parlamentares e todos
os ministros, mesmo os de centro-direita, já estariam defendendo, nos
bastidores, a redução da jornada. Não se fala sobre o fim da escala 6x1 de
forma abrupta, mas a ideia que tem mais simpatia é diminuir quatro horas na
jornada semanal.
Questionado sobre quais seriam as medidas do governo para a
aprovação da nova escala, o ministro afirmou que a mobilização precisa vir dos
sindicatos. "[A redução da jornada] já tem simpatia e tem o apoio do
governo. Agora, é preciso convencer o empresariado brasileiro e convencer o
parlamento brasileiro que é hora de reduzir a jornada máxima do país."
O ministro lembrou que a mudança exige uma PEC (proposta de
emenda à Constituição), instrumento legislativo mais complexo de ser aprovado,
com necessidade de votos de três quintos dos deputados e senadores em duas
votações em cada casa.
"Essa reconstituição do fortalecimento das entidades
sindicais, para bem representar, inclusive debatendo com o Parlamento para ter
conquista como essa é fundamental."
Ele defendeu ainda que as convenções coletivas de trabalho
poderão trazer outros tipos de escala, como já ocorre, desde que a redução
esteja na Constituição.
"Chamo atenção de todos os trabalhadores e trabalhadoras
para isso. E dizer que uma solução dessa é muito bom para o país, não
simplesmente para os trabalhadores envolvidos, pode ser bom para as empresas,
que elas podem ganhar muito com um processo como esse, de melhorar a autoestima
dos trabalhadores e trabalhadoras", afirmou.
Os presidentes da CUT (Central Única dos Trabalhadores),
Sérgio Nobre, e da Força Sindical, Miguel Torres, endossam o que disse o
ministro, mas afirmam que será preciso muito convencimento da sociedade para
mudar a escala, embora tenham esperança de que o debate avance.
"Tudo que a gente conquista sempre ao longo da história
foi com muita luta. Se a população entende que isso é importante e pressiona
seus deputados e senadores, tem tudo para acontecer. Eu acredito muito",
diz Nobre.
"Acho que, agora, o tempo exige que a gente ocupe essa
briga, mas temos que levar o trabalhador a defender isso. Esse é o papel
fundamental do movimento sindical", afirma Torres.
Por Bahia Notícias