
Estatísticas da UNCCD revelam que 40% das terras do mundo já estão
degradadas, prejudicando quase metade da humanidade Crédito: Shutterstock
Restaurar um bilhão de hectares de terra - extensão maior do que a China
- até 2030. A meta envolve proteger 30% da terra e do mar e restabelecer 30%
dos ecossistemas degradados em todo o planeta. Neste 5 de junho, Dia Mundial do
Meio Ambiente, a pauta ganha visibilidade com o slogan "Nossa terra. Nosso
futuro. Nós somos a #GeraçãoRestauração". As comemorações deste ano têm
como sede a Arábia Saudita.
As metas citadas fazem parte do compromisso global assumido pelos
países, em 2019, quando a Assembleia Geral da ONU anunciou resolução que
definiu o período de 2021-2030 como a Década das Nações Unidas para Restauração
de Ecossistemas. Na verdade, a desertificação tem se tornado uma das
preocupações principais, quando se fala em meio ambiente e questões climáticas,
sobretudo, com tantos desastres ambientais acontecendo com mais frequência e
maiores índices de perigo para a terra e, consequentemente, para a humanidade.
Por isso, o Dia Mundial do Meio Ambiente - evento comandado pelo
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), desde 1973 - tem o
intuito de apoiar a aceleração desses compromissos firmados pelos países,
convocando o engajamento de empresas, comunidades, governos e pessoas na
criação e manutenção de um planeta mais sustentável e saudável.
De acordo com Ibrahim Thiaw, Secretário Executivo do Combate à
Desertificação e Mitigação dos Efeitos das Secas - UNCCD (sigla em Inglês), 40%
das terras do mundo já estão degradadas, prejudicando quase metade da
humanidade. Ainda há soluções, porém, as ações devem ser ágeis e evoluir o
quanto antes. “A restauração de terras tira as pessoas da pobreza e cria
resiliência ao clima. É hora de nos unirmos pela Terra e mostrarmos um cartão
vermelho à perda e degradação de terras em todo o mundo”, afirma.
Ações práticas que geram resultados
Se por um lado, a desertificação avança em todo o mundo, por outro, há
pessoas e empresas preocupadas com a questão e trabalhando para mitigar todo
esse estrago. O engenheiro sanitarista e ambiental Victor Vidal, CEO da Toca
Ambiental - empresa que atua em educação ambiental e aproxima empresas e
comunidades para o desenvolvimento de ações sustentáveis -, afirma que é
importante trabalhar no combate à desertificação, mas é fundamental também
incentivar a preservação da terra, com ações e programas que envolvem
planejamento e execução de ações que façam com que o solo seja preservado,
recuperado e, também, enriquecido.
Nas áreas do plantio de subsistência, ainda que o produto seja vendido
em pequenas escalas, existem maiores chances de haver preservação do solo, o
que permite que a recuperação desse solo aconteça de acordo com o próprio ciclo
natural da terra. “Neste sentido a gente trabalha com algumas empresas de
grande porte, que têm atuação nessas áreas, preservando exatamente esse pequeno
agricultor e fazendo com que ele tenha um incremento de renda, e a condição de
não precisar sair de sua terra, mas permanecer ali fazendo o seu plantio e com
isso contribuindo para a preservação daquele ecossistema”, explica.
Dentro dos projetos socioambientais que a Toca realiza e acompanha está
a implantação de sistemas agroflorestais, que fazem com que aquele solo e sua
vegetação sejam recuperados ao longo do tempo. Para tanto, as técnicas são
repassadas para os pequenos agricultores. São oferecidos oficinas e cursos para
eles se atualizando frente às técnicas de plantio, de recuperação da terra e de
comercialização. Outra linha de atuação é o incremento de renda. Para isso, a
Toca criou - em conjunto com as empresas -, feiras de agricultores familiares,
onde passaram a vender seus produtos e a lucrarem mais.
Responsabilidade ambiental
Instalada em Camaçari, a Tronox é um exemplo de que a indústria também
está olho na preservação do meio ambiente. Em seu vasto programa de ações
sustentáveis, estão esforços para a redução das emissões atmosféricas e já
alcançou, nas últimas décadas, redução de 84% na emissão de SO2 (dióxido de
enxofre). De acordo com Gabriel Medina, líder de Meio Ambiente da Tronox no
Brasil, a empresa tem metas globais de cessar envio de resíduos sólidos para
aterros até 2050. Quanto aos cuidados com a terra, uma iniciativa de
reflorestamento na Paraíba já corresponde ao plantio de mais de dois milhões de
mudas de espécies nativas da região. Na Bahia são mais de 23 hectares de um
cinturão verde plantado pela empresa.
“A Tronox faz rotineiramente o gerenciamento de passivos ambientais,
realizando monitoramento, controle e tratamento”, comenta Medina. Além disso,
mantém o Centro de Capacitação Técnica, onde promove contínuos aprimoramentos
de pessoal. Na semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, está
acontecendo uma programação intensa para colaboradores e comunidade do entorno
de Camaçari, com palestras e ações de conscientização, entre os dias 3 e 8 de
junho.
Entenda a desertificação
Causa: O Ministério do Meio Ambiente do Brasil (MMA), indica que a
desertificação é provocada “pelo manejo inadequado dos recursos naturais nos
espaços áridos, semiáridos e subúmidos secos, que compromete os sistemas
produtivos das áreas susceptíveis, os serviços ambientais e a conservação da
biodiversidade.
Efeitos: Perda de biodiversidade, redução de produtividade financeira,
desequilíbrio ambiental, empobrecimento da fauna e da flora, perda de
capacidade produtiva dos solos em regiões áridas e semiáridas.
Anote esses números:
A meta é restaurar um bilhão de hectares de terra até 2030;
Proteger 30% da terra e do mar e restaurar 30% dos ecossistemas
degradados;
Ao preservar apenas 15% da terra já será possível evitar até 60% das
extinções de espécies ameaçadas;
40% das terras do mundo já estão degradadas, segundo o Combate à
Desertificação e Mitigação dos Efeitos das Secas - UNCCD;
Estudos do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens e Satélites
(Lapis) mostram que 12,85% do semiárido brasileiro está em processo de
desertificação. Ou seja, 126.336 km² do território nordestino já estão se
tornando deserto. Esta área corresponde a 18 milhões de campos de futebol;
De acordo com dados de satélite mapeados pelo Lapis: 1.340.863 km² do
território brasileiro têm sinais de desertificação. 5% do território cearense
está nesse processo; no Piauí, o índice é de 1,8%. Já Alagoas lidera o topo da
pesquisa, com 32,8% do seu território total em desertificação.
No Brasil, 1.488 municípios estão em áreas suscetíveis à desertificação.
Essa extensão atinge uma população de 31.663.671 habitantes e, segundo o
Ministério do Meio Ambiente, a área concentra 85% da pobreza do país.
FONTE: Os dados divulgados em artigos publicados no site unep.org.
Por Correio24horas