
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Na sua terceira reunião em 2024,
nesta quarta-feira (8), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
(BC) decidiu, pela sétima vez consecutiva, cortar a taxa básica de juros, a
Selic. Entretanto, ao contrário das últimas vezes, a decisão dos membros do
Copom foi por um corte de apenas 0,25%, e não de 0,5%, como vinha acontecendo
nas reuniões anteriores.
Com o novo corte promovido pelos
membros do Copom, a taxa de juros do país caiu a 10,50% ao ano (antes estava em
10,75%). A decisão muda o plano traçado em agosto do ano passado, quando o
Copom iniciou o ciclo de cortes de 0,5% na taxa Selic. Naquele mês, os juros
estavam em 13,75%. Antes do início dos cortes, a Selic ficou estacionada nos
13,75% por 12 meses, desde agosto de 2022.
De acordo com o comunicado
divulgado no início da noite desta quarta, a decisão de reduzir o ritmo de
cortes na Selic se deu por conta do aumento das incertezas no cenário externo.
Segundo o BC, a redução de juros nos Estados Unidos fora do radar pelo menos no
primeiro semestre, e também no interno, com risco fiscal aumentado para o
Brasil, pesaram no corte de apenas 0,25%.
O Copom, em seu comunicado, não
repetiu a indicação feita nas reuniões anteriores, de que haverá novos cortes
adiante, ressaltando que futuras reduções na taxa básica de juros dependerá de
dados para a continuidade a atual política monetária. O BC também destacou
que, a despeito do corte desta quarta, os juros permanecem em “patamar
contracionista”, essencial para o controle da inflação.
A decisão do Copom já era
aguardada pela grande maioria do mercado, que projetava o corte de 0,25%.
Economistas consultados semanalmente pelo Boletim Focus do Banco Central dizem
acreditar que mesmo com a redução no ritmo de cortes, a taxa de juros chegará
em 9% ao final de 2024. Se for confirmada essa previsão, a Selic encerrará o
ano em um patamar um pouco abaixo do registrado em dezembro de 2021 (na
ocasião, o Copom elevou a taxa em 1,5%, elevando a Selic de 7,75% para 9,25%).
Em entrevista ao jornal Estado
de S.Paulo, na manhã desta quarta, o economista Armando Castelar, do Ibre/FGV,
já antecipando a redução no ritmo de corte, disse entender que a mudança
do quadro externo foi o gatilho para essa postura mais conservadora do Banco
Central. Segundo Castelar, o cenário só piorou com a revisão das metas fiscais
no Brasil.
"Os riscos são grandes, de
qual é o piso que se tem de juros, até onde se pode ir em função dos juros
altos nos EUA, que sugam o capital global. O déficit elevado por lá significa
que eles precisam se financiar com os mesmos recursos que vão para países
emergentes, como o Brasil", afirmou o economista.
Por Bahia Notícias