Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
As operadoras de planos de saúde
registraram, em 2023, lucro líquido de R$ 2,985 bilhões, de acordo com dados
divulgados nesta quinta-feira (18) pela ANS (Agência Nacional de Saúde
Suplementar).
Esse resultado corresponde a
cerca de 1% da receita total acumulada no período, que foi superior a R$ 319
bilhões. A cada R$ 100 de receita, o setor registrou cerca de R$ 1 de lucro ou
sobra.
Os números de 2023 apontam uma
recuperação no ano passado, e o desempenho é o melhor desde o período
pós-pandemia. Em 2022, o lucro líquido total foi de R$ 606,4 milhões.
Segundo os números agregados por
segmento, as administradoras de benefícios registraram lucro de R$ 406,4
milhões; as operadoras exclusivamente odontológicas, de R$ 652,8 milhões; e as
médico-hospitalares, de R$ 1,9 bilhão.
Para o resultado operacional, no
entanto, as operadoras médico-hospitalares, que são o principal segmento do
setor, fecharam o ano de 2023 no negativo, em R$ 5,9 bilhões -ainda que os
números do quarto trimestre isolados mostrem o melhor dado de um trimestre
desde os três primeiros meses de 2021.
De acordo com a ANS, esse
prejuízo operacional foi compensado pelo resultado financeiro recorde de R$
11,2 bilhões, advindo principalmente da remuneração de aplicações financeiras,
que acumularam, ao final do período, quase R$ 111 bilhões.
Isso parece significar uma
dependência excessiva das aplicações financeiras e uma necessidade de melhorar
a operação.
O resultado operacional é a
diferença entre as receitas e despesas da operação de saúde (considera
contraprestações e outras receitas deduzidas as despesas assistenciais,
administrativas, de comercialização etc).
O resultado financeiro, por sua
vez, é a diferença entre as receitas e despesas financeiras.
Ao longo do ano passado, a Folha
mostrou diversos problemas envolvendo planos médicos, como hospitais que
registraram um atraso bilionário nos repasses.
Um levantamento da ANHP
(Associação Nacional de Hospitais Privados) com 48 instituições, divulgado em
setembro, apontou valores a receber em torno de R$ 2,3 bilhões.
Além disso, operadoras
cancelaram planos de saúde empresariais, e o setor viu um aumento de quase 27%
no número de consumidores com mais de 60 anos na última década -enquanto as
faixas etárias mais novas caminham no sentido contrário.
"A recuperação está
acontecendo, os resultados são melhores do que o que foi projetado para o
setor. Se em 2022 foi registrado prejuízo na casa de R$ 530 milhões no segmento
médico-hospitalar, 2023 já trouxe lucro de R$ 1,9 bilhão", afirmou o diretor
de Normas e Habilitação das Operadoras da ANS, Jorge Aquino, por meio de nota.
Segundo ele, a agência tem
acompanhado atentamente dificuldades na gestão das operadoras. "Por isso
reforçamos que é necessária uma revisão do modelo de gerenciamento e de
atendimento, para que elas possam entregar melhores serviços com melhor aproveitamento
de todos os seus recursos", analisou.
A sinistralidade, que é o
principal indicador que explica o desempenho das operadoras
médico-hospitalares, ficou em 87% em 2023 --2,2 pontos percentuais abaixo do
apurado um ano antes.
Isso significa que 87% das
receitas oriundas das mensalidades foram usadas com as despesas assistenciais.
Estes números são os melhores dos últimos três anos.
Por Bahia Notícias