Patty Kiss, Armandinho Macedo e Thathi Crédito: Marina Silva / CORREIO

 

Os acordes da guitarra baiana são reconhecidos a léguas de distância por aqueles que amam esse instrumento musical único e especial para os baianos. Em meio a uma tarde de muito calor em Salvador neste domingo (17), o Largo Quincas Berro D'Água, Pelourinho, ferveu com o evento Brasil Guitarras - Especial Guitarra Baiana, que reuniu dez representantes da guitarrinha para uma apresentação que estava sendo organizada há mais de três anos.

 

Segundo a produtora Tereza Rolemberg, proprietária do Bra.sil Arte e Cultura, a vontade de juntar grandes guitarristas baianos já estava sendo organizada desde a primeira reunião que fez em 2017, no Farol da Barra.

 

“São três anos que estou lutando para realizar esse evento. Veio a pandemia, atrapalhou demais, desisti por um tempo, e agora consegui patrocinadores para nos ajudar a colocar essa reunião para frente. O projeto está dando certo, principalmente porque Armandinho, meu grande amigo, abraçou a minha ideia”, explicou.

 

Considerado o maior nome da guitarra baiana no mundo, Armandinho Macêdo entendeu que o evento precisava ter um destaque maior, principalmente por Salvador ser o berço do instrumento, que nasceu como Pau Elétrico nos início dos anos 1940:

 

“A guitarra tem esse diferencial no país, né? Então, fazer esse evento é manifestar a cultura na Bahia, é mostrar que o instrumento que eu dei o nome precisa ser respeitado. A Bahia mudou a história do Brasil no quesito musical, portanto, é importante que a gente repasse para as próximas gerações que a guitarra baiana vai estar aqui para seguir em frente, principalmente entre as mulheres”.

 

E falando em mulheres, duas delas estavam ontem no palco: Thathi e Patty Kiss. Elas reforçaram a importância de mais participações femininas em eventos majoritariamente masculinos. “É uma luta constante, tendo que se impor. Fazer música instrumental já é difícil, ainda mais sendo mulher. Um mercado que é restrito demais e tendo que me encaixar no ambiente masculino fica mais complicado, então, cada degrau que a gente alcança assim é uma satisfação sem fim”, comemorou Patty.

 

Cantora, compositora e guitarrista, Thathi não deixou de agradecer pelo reconhecimento: “Ser mulher é tentar entrar em espaços que deveríamos estar há muito tempo, principalmente no ambiente musical. A desigualdade é tamanha e somos invisibilizadas constantemente. O evento Brasil Guitarras está aí para mostrar que podemos aparecer ainda mais. Que outras meninas possam subir nesse palco futuramente”.

 

Armandinho fez questão de frisar que mulheres musicistas são extremamente importantes. Para o artista de 70 anos, a percepção delas na música baiana, principalmente, na guitarra baiana, que nasceu aqui, é necessária para ecoar pelo Brasil inteiro: “Para essa amostra desse instrumento que reflete tanto a musicalidade baiana, onde se originou o trio elétrico, estar com mulheres que sabem de tudo na música é indispensável”.

 

Além de Julio Caldas, Armandinho, Thathi, Patty Kiss, Morotó Slim, Aroldo Macêdo, Fred Menendez, Ricardo Primata, Fred Menendez e Sávio Assis, estava lá também Eric Assmar. Ele é filho do também guitarrista Álvaro Assmar, um dos maiores bluesman da história da Bahia, morto em 2017.

 

“A gente vive em um lugar muito diverso culturalmente e, dentro dessa diversidade, a gente tem a guitarra elétrica como uma parte fundamental de muito do que se criou da música popular baiana contemporânea”, disse Eric, elogiando a miscigenação dos ritmos musicais que desembarcam em Salvador ou que foram criados por aqui.

 

Por Correio24horas